
Mauro Freitas Cajado Júnior, tem 36 anos, é gay, surdo, formado em gestão de recursos humanos,trabalha como auxiliar administrativo e mora onde nasceu, na cidade de Fortaleza/CE.
Como muitos, independente de ter deficiência, o nosso entrevistado foi envolvido pela hipocrisia da sociedade heteronormativa.
Casou-se, tem um filho de 13 anos, que hoje mora com os avós paternos.
Sua vida era cheia de conflitos internos e ele se sentia infeliz, chegando a ficar um pouco depressivo, até que, antes de fazer 30 anos, decidiu-se libertar de ter uma vida escolhida pelos outros e hoje é livre e independente, bem mais feliz!
Embora faça uso de implante coclear, devido a surdez profunda por causas desconhecidas, vejam que interessante: ele parou de usar, por apreciar ao silêncio!
1) Por quê você quis atender ao sistema heteronormativo?
Porque cresci sendo educado e orientado para isso, eu não tive acesso à informações de diversidade, eu nasci em 1986, então nessa data não existia segurança na diversidade, tinha muitas questões envolvendo lgbt fobia, como ainda há, mas sem o amparo de agora.
2) Em que momento você viu que, mesmo correspondendo aos estímulos físicos da relação, ser hétero não te preenchia?
Eu sempre sentia atração por homens. Eu suspirava, mas ignorava as minhas emoções! Só passei a me aceitar quando transei pela primeira vez com garoto de programa em uma sauna. Ali, todas as minhas dúvidas, anseios e confusões sumiram!
3) Você acredita que sofre preconceito ao quadrado, por ser surdo e gay?
Em 1% dos casos , já fui rejeitado por ser surdo, sofri um impacto e fiquei muito mal. Hoje não aceito mais sofrer e até denuncio, se for o caso.
Agora, infelizmente, vivemos em um país homofóbico. Então, tenho todos os cuidados, pois ser gay aqui ainda é perigoso, mas não podemos deixar a felicidade de lado. Afinal, o amor é o mesmo!
4) Como a família e amigos receberam a notícia da sua orientação sexual?
De início, meus pais não acreditaram. Mas eles passaram a ver a minha felicidade, minha gratidão e minha luz! Afinal eu vivi um período triste, sombrio e quase depressivo.
A mudança de emoções foi tão nítida que eles não tiveram escolha, a não ser me respeitar!, Quanto aos amigos, claro que tive alguns amigos que não apoiaram, mas desses eu me afastei e nem quero conversa! Minha felicidade me importa mais!
5) Como você descreve a felicidade de ser gay?
Como se tirasse um peso da condição heteronormativa e religiosa. Você passa a ser mais feliz, sem medo de julgamento e preconceito, recebe com mais clareza o amor, carisma e prazeres do sexo! Passa a se sentir mais à vontade e também alegre, por interagir com a comunidade gay! Você se diverte com os memes e com as brincadeiras à parte!
6) Sentir as vibrações da música em ambientes fechados te inclui mais ao possibilitar dançar sem medo de ser feliz ou de qualquer julgamento?
Sim, eu posso não entender as letras, mas as vibrações me bastam pra me alegrar em todo o meu corpo! Os sons penetram em cada poro da minha pele e meu cérebro traduz, numa sensação de relaxamento e bem estar!
7) Como percebeu que o silêncio também é importante?
Eu passei a metade da vida sendo obrigado a ouvir. Não gosto dessa obrigação! (Aqui, nosso convidado se refere ao implante coclear, no qual fez uso de aparelho auditivo) Então, dei um tempo pra mim! Eu gosto desse silêncio porque esse sou eu!
Uma parte de mim ama o silêncio e confronta essa condição imposta de ouvir como algo obrigatório, Nunca me senti à vontade nisso!!
Jogo Rápido!
Um Filme: Mr. Holland - o adorável professor
Um Livro: Todos do Harry Potter
Um Lema: "Sobreviva, Você É Capaz!"
A sociedade me exclui quando não me aceita integralmente como surdo gay.
O preconceito maior vem da desinformação e da ignorância.
Ser surdo não me impede de viver um dia de cada vez
Sou grato a meus pais que me prepararam para eu sobreviver sozinho e não me abandonam!
Obrigado pela entrevista, espero que essa entrevista façam os outros surdos que estão no armário se aceitarem mais, vc não está sozinho, somos uma comunidade unida, você é capaz e forte, mais do que pensa, grato!
Muito grato Mauro Júnior por suas fotos lindas e, principalmente, por algumas falas tão reais e necessárias!
Espero que todos os Coloridos gostem!
Beijos & Abraços Coloridos e até a próxima!
Ceceu.
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